São Jorge extrapola as religiões e, talvez, com exceção dos evangélicos neopentecostais, é admirado por todos.
Este “talvez” é porque há controvérsias se algum deles, a maioria pós convertido, em algum passado já não acenderam uma vela para o guerreiro.
Até ateus confessos se rendem e caem dentro da feijoada e das rodas de samba nas festas regadas a cerveja, a bebida preferida do santo. Se há um lugar onde São Jorge é unanimidade é no mundo do samba. Não há sambista que não o venere. São diversos sambas compostos em sua homenagem. Seu nome já foi cantado em vozes como Zeca Pagodinho, Jorge Benjor, Jorge Aragão, Seu Jorge e Alcione.
Mas sua força extrapola o samba. Fernanda Abreu, Jorge Vercilo, Alceu Valença, Racionais MCs já cantaram o santo em suas vozes. Nas escolas de samba, São Jorge foi protagonista pelo menos duas vezes na avenida, em 2008 com a Império da Tijuca e em 2016 com a Estácio de Sá no grupo especial. Isto sem contar inúmeras outras vezes em que foi citado e passou em alegorias e fantasias nos mais diversos grupos de desfiles, da Sapucaí a Intendente Magalhães.
Várias agremiações tem o santo guerreiro como padroeiro. Mesmo as que não o têm como tal, possuem na entrada da quadra ou num canto qualquer uma imagem dele, sempre com um copo de cerveja ao lado. Faz parte do imaginário e dos mitos populares no Brasil.
Enfim, o culto a São Jorge e esta verdadeira adoração popular precisam ser melhor estudados. Talvez o processo de miscigenação seja parte disso.
Embora existam outros casos de sincretismo religioso no Brasil, o do mitológico soldado da Capadócia é o mais significativo e representativo no país. São Jorge no catolicismo, Ogum no candomblé e na umbanda. E para muita gente os dois.