O autor Marcelo Amaral, que além de escritor, é também ilustrador e designer, inspirado pelo nascimento da filha Manuela, criou uma página com charges divertidas que chamou ‘Ser Pai de Menina é…’
Já conhecido por seu trabalho com o público infanto-juvenil, por causa da série de livros da ‘Turma da Página Pirata’, a homenagem feita pelo autor às mulheres de sua vida (a filha e a esposa Carol) ganhou a internet e as livrarias.
Depois do sucesso na Bienal do Livro do Rio 2015, o livro foi lançado em São Paulo e O Estado RJ fez uma entrevista exclusiva com o autor.
O Estado RJ: Em várias charges você alerta aos pais quanto a comportamento sexistas, pensava em inspirar quando começou a desenha-las?
Marcelo Amaral: Essa visão sexista entre pais de crianças de ambos os sexos sempre me incomodou muito. As pessoas querem definir regras para meninas e meninos, o que podem ou não vestir, com o que podem ou não brincar, como devem ou não se comportar. São crianças, sabe? Vamos deixar que sejam elas mesmas! Odeio quando entro em uma loja com a Manu e a vendedora me diz que “a seção de menina é do outro lado”. Assim como também não curto o radicalismo oposto, de que “menina não pode usar rosa, nem ser princesa, porque isso é uma visão machista”. Na minha opinião a criança tem que ser livre para usar de tudo: roupa de princesa, de moleca, roupa pra sujar, roupa pra ficar linda… O que importa é ela ser feliz! Através das tirinhas já falei sobre alguns desses pontos. Já recebi críticas de quem ainda acha que existem coisas “de menina” e “de menino”, mas a maioria dos leitores apoia. Sinal de que os tempos estão mudando e isso é ótimo!
OERJ: Como surgiu a ideia de fazer charges inspiradas em acontecimentos envolvendo sua filha?
MA: Desde que a Manu nasceu eu já pensava em uma forma de contar a nossa história, feito um diário. Mas a correria de ter um recém nascido em casa só me permitia fazer algumas poucas anotações sobre a nossa rotina. Eu e minha esposa começamos a brincar com as situações mais engraçadas, do tipo: “Ser pai de menina é encarar a troca de fralda logo após aquela explosão de cocô”. Achei que essa seria uma forma divertida de contar a nossa história. Quando Manu fez três meses comecei a desenhar as primeiras tirinhas, postei numa rede social e logo o trabalho fez sucesso, pois as pessoas se identificaram muito!
OERJ: O sucesso levou a publicação de um livro, como foi feito a seleção das charges?
MA: Foi uma correria! (risos) Queríamos lançar a tempo da Bienal do Livro do Rio, então fiz uma seleção das 60 tirinhas que fariam parte do livro junto com a minha esposa, Carol. A editora aprovou a maioria das artes, mas pediu alterações de texto em algumas e outras foram recusadas por não funcionarem tão bem fora do contexto da página. Como queríamos usar apenas textos bem curtos e sem muitas explicações, acabamos usando aquelas cujos desenhos eram bem objetivos e não davam margens a diferentes interpretações.
OERJ: Pretende publicar outros livros de ‘Pai de Menina’?
MA: Eu gostaria de publicar um livro por ano, sempre reunindo as melhores tirinhas de cada fase da Manu. Também estou trabalhando em outra série de tiras, a “Como a Mãe Vê… Como o Pai Vê…” que mostra os diferentes pontos de vista do casal desde a gestação até o dia a dia com o filho. Espero transformá-la em livro também algum dia.
OERJ: A arte das charges são divertidas e muitos bem desenhas, já pensou em criar uma linha de roupas?
MA: Já pensei sim, inclusive já recebi propostas de licenciamento. Estou em busca de parceiros que produzam peças de qualidade para estampar minhas artes. Quem conhecer alguém pode entrar em contato comigo!