O Futebol Social surgiu como um projeto da Organização Civil de Ação Social (OCAS), que também publica a revista Ocas” e também membro da International Network of Street-papers (INSP). A OCAS foi convidada para representar o Brasil na Homeless World Cup. Foi assim que eles então iniciaram um trabalho com futebol junto aos vendedores da revista, pessoas em situação de rua que vendem as revista e que vivem deste trabalho, a chance de transformar suas vidas, para geração de renda e interação social com leitores e voluntários da entidade.
Esse formato funcionou entre 2004 e 2007, e em 2008 foi lançado o Futebol Social, como parte da OCAS e embrião do que hoje é o projeto. No Brasil, o futebol social surgiu também em 2008 quando foi realizada a primeira Copa Futebol Social com a participação de equipes ligadas a projetos comunitários. Já no final de 2009 foi fundada a Associação Brasileira de Futebol Social, responsável pelo projeto desde então.
O projeto tem como técnico Pupo Fernandes e o presidente Guilherme Araújo, que contam um pouco das dificuldades que enfrentaram no início. Segundo Araújo, as maiores dificuldades diziam respeito ao total desconhecimento do projeto e interpretações bastante equivocadas e estereotipadas sobre os objetivos do Mundial e seus participantes. Embora seu nome (Homeless World Cup) remeta à população sem-teto, a luta é contra a falta de moradia ao redor do mundo e envolve diferentes públicos. “Além disso, o fato de sermos uma associação independente, sem ligação a grandes astros do esporte ou grupos fortes, o que criou barreiras para conquistarmos nosso espaço, o que ainda é uma grande luta!”, diz o presidente.
Campeões do humanismo
A trajetória até o campeonato mundial foi muito árdua. as seleções masculina e feminina, por exemplo, só foram formadas logo após as finais do futebol social realizadas em São Roque, em São Paulo, com a participação de 24 equipes. O presidente do projeto Guilherme Araújo, explica que durante esse período tiveram alguns problemas com a aprovação com o projeto de Lei de Incentivo ao esporte, junto ao Ministério dos Esportes e perderam o patrocínio que vinham tratando.
Sendo assim, eles tiveram que viabilizar recursos próprios sem patrocínio e conseguiram custear a passagem de apenas quatro jogadores além do técnico Pupo Fernandes. Vale ressaltar que as delegações seriam formadas por 20 pessoas, 8 jogadores e 2 técnicos em cada uma.
A oportunidade de representar o Brasil em um evento Mundial, com visibilidade na mídia e com reconhecimento total das comunidades em que vivem, proporciona uma experiência única na vida tanto dos jogadores e também comissão técnica. Segundo Araújo, o papel deles é trabalhar para que essas experiências reflitam no desenvolvimento pessoal dos participantes, seja no futebol ou não. “Entendemos como um processo natural que leva a transformações impactantes”, afirma.
Guilherme Araújo, presidente do projeto, conta ainda que eles trabalham com pessoas que vivem à margem, com poucas oportunidades. “Faltam experiências. Queremos incentivar e proporcionar uma nova leitura do mundo. É isso que fazemos conectamos projetos e pessoas incríveis para que a vontade de melhorar a vida seja cada vez mais fortalecida. Sabemos o impacto que causamos onde estamos presentes e isso nos incentiva a acreditar que podemos estar em todo o país e fazendo a diferença na vida de muitos jovens que amam o futebol e sonham com uma família e uma vida digna”, afirma.
Contudo, um dos sonhos do Futebol Social é conquistar parcerias duradouras e ser visto como uma marca associada a alegria, transparência, renovação e transformação social.