O dólar caía 0,84%, cotado a R$ 5,142, por volta das 15h32 desta terça-feira (21), com os investidores repercutindo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,5%, aos 99.355 pontos, apesar da alta nas ações de commodities após o minério de ferro fechar com valorização na China e o petróleo operar em alta. A Petrobras, entretanto, opera em queda devido às incertezas sobre a situação da estatal após a renúncia de José Mauro Ferreira Coelho do cargo de presidente, puxando o índice para baixo junto com papéis de educação e varejo.
No texto do Copom, os integrantes do órgão do Banco Central indicaram que a taxa básica de juros, a taxa Selic, deve permanecer em um valor mais alto por um período prolongado para lidar com a inflação elevada no país.
A perspectiva de juros altos torna o mercado brasileiro mais atraente, incentivando fluxos de investimento, mas não o suficiente para o real se recuperar totalmente das fortes perdas recentes.
Nas últimas semanas, os temores sobre uma recessão global ganharam força em meio a uma série de altas de juros em grandes economias, levando a uma retirada investimentos de mercados considerados arriscados e uma queda nos preços das commodities com a expectativa de demanda menor, dois fatores que prejudicam o Brasil.
Além disso, o real é prejudicado pelo retorno ao radar do risco fiscal no Brasil, com aumento de gastos e possível desrespeito ao teto de gastos, além de incertezas em relação à Petrobras com a renúncia do seu presidente e temores de uma intervenção na política de preços da estatal após um novo reajuste nos combustíveis, o que seria mal visto pelo mercado.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na segunda-feira (20), o dólar teve alta de 0,81%, a R$ 5,187. Já o Ibovespa avançou 0,03%, aos 99.852,67 pontos.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 15 de junho. O órgão elevou os juros em 0,75 ponto percentual, na maior alta desde 1994, e deixou uma porta aberta para um aumento na mesma magnitude em julho.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou altas de juros a partir de julho, enquanto a China enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19 com temores de novas restrições e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força.
Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado, com o retorno de riscos fiscais e temores sobre interferências na Petrobras, e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro. Reuters